Saúde Mental, Maternidade e Reprodução Humana
- Tupiara Guareschi Ykegaya
- 13 de mai.
- 2 min de leitura

A busca pela maternidade nem sempre é tranquila e ocorre como sonhado: tentar engravidar espontaneamente, gestar seu bebê, parir e acolhê-lo no mais puro amor de mãe. Mas quando isso não acontece e, ainda, se necessita buscar a reprodução assistida para alcançar esse objetivo, mudanças emocionais ocorrem especialmente nas mulheres. A relação entre saúde mental e fertilidade é profunda e muitas vezes subestimada. Tanto o desejo quanto as dificuldades para engravidar afetam significativamente o estado emocional, e, por outro lado, fatores psicológicos também podem influenciar os processos reprodutivos.
✅ Como a saúde mental impacta a fertilidade:
Estresse crônico
Aumenta os níveis de cortisol e adrenalina, que podem interferir no eixo hormonal reprodutivo, afetando ovulação, ciclo menstrual e espermatogênese.
Ansiedade e obsessão pelo positivo
A pressão para engravidar gera ansiedade de desempenho, o que pode afetar tanto a libido quanto o ambiente hormonal necessário para a concepção.
Depressão
Pode afetar o autocuidado, alimentação, adesão a tratamentos e até diminuir as chances de engravidar — além de aumentar sintomas durante o tratamento de fertilidade.
Distúrbios alimentares e imagem corporal
Têm impacto direto no ciclo menstrual, na produção hormonal e na fertilidade.
Impacto nos relacionamentos
O processo de tentar engravidar pode causar distanciamento ou conflito no casal, o que gera mais estresse emocional e atrito.
✅ Como os tratamentos de fertilidade afetam a saúde mental:
Incerteza, expectativa e frustração cíclica
Cada ciclo não bem-sucedido pode gerar luto, sensação de fracasso e culpa.
Tratamentos hormonais intensos
Alterações de humor e sensação de perda de controle são comuns.
Isolamento social
Muitos casais se sentem sozinhos no processo, evitando falar do tema com amigos e familiares.
✅ O papel da psicoterapia no processo de fertilidade:
Apoio emocional durante os altos e baixos dos ciclos.
Redução de ansiedade e resgate da autoestima.
Melhora da comunicação no casal.
Promoção de decisões mais conscientes (como seguir ou não com tratamentos, considerar adoção, etc).
Preparação emocional para diferentes desfechos.
A psicoterapia é um importante suporte para se lançar mão para que os impactos emocionais sejam amenizados, tanto em nível psicológico quanto em nível fisiológico. O casal, e especialmente a mulher, vivenciam com intensidade e em curto espaço de tempo uma gama de experiências afetivas, nem todas confortáveis e se fragilizam frente a tudo isso. O suporte psicológico favorece o fortalecimento do vínculo entre o casal e oferece à mulher apoio para enfrentar o tratamento de reprodução assistida, acolhendo as angústias de alguém que quer ver seu corpo sendo transformado pela maternidade.